Pedestres
Quinta-feira, sete da noite, cidade fervendo de gente pra lá e pra cá. Eu no carro, saindo do trabalho. Os dois estavam no meio da faixa de pedestres, e pararam para tirar uma selfie. Eu, com o carro parado, esperando os pedestres apaixonados atravessarem, contemplava a cena. Em um milésimo de segundo, enquanto esperava, pensei: “Tire a foto, moça. Tire mais de uma... Abrace, beije, ria com ele, moça... Se eu tivesse meu querido aqui, agora, ao meu lado... faria exatamente a mesma coisa que você. Não me importaria com mais nada ao meu redor, só com ele, só com ele e com ele...”. A alegria deles era mais barulhenta que o trânsito de São Paulo. Eles finalmente completaram a travessia e foram embora, acenaram me pedindo desculpas sem se importar muito. E eu segui minha viagem, com inveja daquele amor e com o coração cheio de vazio. "Sobra tanta falta..."